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terça-feira, 17 de maio de 2016

Cai a tarde em mim: vejo mundo

Cai a tarde em mim: vejo mundo
Como um céu que não contenta-se
Como casa que não alimenta
Meu sentimento mais profundo

E sou mesmo um mundo
Quem duvidaria?
Mesmo minha vida?
É coisa que mudo, sou, mudo

Desta noite levo, só o cálice
De minha certeza
Entre eu, minha tristeza
E que caia a tarde


Eustáquio Silva (17/05/2016)

terça-feira, 10 de maio de 2016

Soube eu que chove em ti



Soube eu que chove em ti
Chove em ti como um choro
De desgosto, de desconsolo
Chove-lhe todo o tempo, teu existir

Não, não penses que cada gota é doída 
Veio-te roubar a beleza
É poesia, é profunda limpeza
A profilaxia de tua própria vida

Sina de ser alguém imperfeito
Como todos aqueles que rodeiam-te
Que também não podem nem deitam-se
Sem um dia de lágrimas estarem cheios

A chuva de teus olhos é redentora
Traz-te de volta a antiga formosua
Transforma cada lágrima em vida sua
E lá fora só são solidárias a sua vida toda

Ó, musa, Calíope, bem o sabe
Quem não chora é quem vida não tem
A quem a toda dor diz algum amém
Não é teu caso, não é tua verdade

Por isso chores bem à vontade
Porque o choro é como inverno
Vem e esfria e depois é certo
Que deixa passo aberto à primavera de verdade


Eustáquio Silva (10/05/2016) 

domingo, 8 de maio de 2016

Minha Chávena de Mundo






Em minha chávena de mundo cabe arte, cabe vida sem grilhões, um viva à liberdade. Em minha chávena de mundo cabe uma hora a mais de sentimento e um tardio movimento à mar para vê-lo ondular sobre outra poesia. 

Em minha chávena de mundo cabe você e cabe a mim, cabe a quem quiser sentir. Não precisa de muito, apenas sinta. Apenas deixe a razão de lado e corra por ángulos não rectos e por linhas que não levam ao seu fim.  

Em minha chávena de mundo o que é é aquilo que não precisa definir-se. Em minha chávena de mundo há o que eu não posso mais deixar para depois. Em minha chávena de mundo eu gostaria de dizer que tudo importa e tudo faz algum sentido. 

Senão veja aquela flor, aquela lágrima, aquela rua, aquele pensamento, aquele desejo, aquela amizade, aquele  amor, aquela saudade. 

Eis a minha chávena de mundo. 


Eustáquio Silva (08/07/2016).

sábado, 7 de maio de 2016

Arte Galega - Carlos Barcón







Preciso eu falar mais algo? Não fala Carlos Barcón per se e traz à arte galega grande sentido? Deixo-vos com este talento e trago-vos ao conhecimentos de meus leitores e minhas leitoras. Aos que já o conhecem deleitem-se, pois vale a pena.


Eustáquio Silva (07/05/2016).

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Confissão poética

Preciso dizer-vos: preciso de versos
Dos mais diversos tamanhos
Dos mais diversos modelos
Sempre que um dia levante ou deite-se
Junto a tudo que tenho
Há-de ver-se que uma poesia nutre-me
Como o amor e vinho
Eis a minha Confissão



Eustáquio Silva (05/05/2016)

terça-feira, 3 de maio de 2016

Como hei de viver? A poetar...

Como hei de viver? A poetar...
Eis o meu barco à guisa, ao vento
Mimo pouco ao meu lamento
O que quero e em versos navegar

Calados siléncios, outros caminhos
São-me ode de um mundo a porvir
Não quero os soluços repetir
Não, digo não a estes espinhos

Que ferem a todo poeta
Mesmo que lá dor não sinta
Junta-se a sua incrível sina
Que de longe a vida não acerta

Eu, meus tolos eus, eu
Este pronome ousadamente definido
Sente pelo mundo atraído
A dizer: nada em mim não morreu

Viver a poetar é ter pouco chão
E dele fazer bem o traçado
Para não cair atrapalhado
A atropelos a ser guiado p'la escuridão



Eustáquio Silva (02/05/2016).