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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Queimor

Eu quero que minha pele queime
Toda a minha inconstáncia
E com grande e selvagem ganáncia
Em algum momento deite

Sinta em cada poro o deleite
De ser pela dor acometido
E no prazer redimido
Seja este todo seu enfeite

Ó, nobres desejos humanos
Ó nobres, ó nobres, ó fidalgos
São lamas também, são algo
De repugnante que inflamamos

E no fogo queimam pele rica
Com ouro e coisas adornadas
A luxúria é aquilo que indica
São todas almas desgraçadas

Quanto mais as peles vão a queimar
Eu mesmo as digo e repito
Porque não acham bonito
O epectáculo de se evaporar

Até os mais interesseiros dos homens
Sabem que o dantesco ali vive
Porém não descem ao trágico que vive
Nestes tão memoráveis nomes

Tragédia que não é tristeza
E é toda fatalidade
É a dos poetas, verdade
A sua real fortaleza

Q'ria que estes malévolos gritos
Fossem só de meus ossos
Mas outros que agora olho
Também soltam tais gemidos

O risco é viver em ingratidão
Em promessa descumprida
Afinal isto é a vida
E foi isto que os trouxe à escuridão



Placidus Acarius (28/01/2016).

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