Navegar
é preciso, sempre o será
Fugir
do estagnado, viver o que virá
Navegar
é pensamento, só navegar
Já
é força suficiente, já é motivo de amar
As
cousas que são humanas, a alegria
O
dia que nasce terno, ah o grande dia
A
navegar e a achar portos, faça disto sua mania
E
depois içar as áncoras pesadas, eis a liturgia
Quem
dera a vida fazer votos
Jamais
fechar-lhe os olhos
Do
mar tornar-me devoto
E
viver com seu rosto como espólio
Um
inteiro e vívido testamento
Do
que seja este divino momento
Navegar
não é só um lamento
Navegar
é por si um sentimento
Olhes
bem, quantas das minhas falas
São
a este grande mar, devotadas
São-lhe
como grandes armadas
São-lhe
como anciãs dádivas
Que
esmeram-se pelas suas ondas
Pela
sua espuma de crista branca
Que
lhe dizem: ó, o que me mandas?
Ó
para que e por que me apanhas
Navegar
é ver santuários
Sentir-se
um relicário
Sair
e ver-se pagode caro
De
uma vida entre golpes amaros
Aos
remos a contornar
Verdes
águas, todo o amor
Ver
tudo o que se há
O
que importa é navegar
Eustáquio
Silva (10/02/2016)
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