Este era meu olhar, o sol mais baixo, uma mesa comigo, nela meu bloco de anotações algo escrito e junto uma caneta esferográfica e uma chávena de café. Eu mal sabia o que esperava-me naquela visão do Tejo tão bela, o arrebol ao Tejo.
Vestia-me de preto: todas as peças de roupa e minha visão era toda dela que fazia-me barulhos e pequenos murmúrios de quem estava prestes a tocar o mar com aquelas águas doces e profundas. O Tejo parecia um rapaz apaixonado a correr pelo amor de sua rapariga com tanto entusiasmo como se buscasse nela ao primeiro beijo, a primeira carícia, o primeiro afecto. Amantes, a mar e o rio. Assim o pareciam. Mesmo eu, pobre ser sorumbático, ensimesmado e triste via-me enredado na vida daquele casal belo que a natureza formou.
Mas certa volta o rio parou. O vento extinguiu-se. A vida revolvida nele cessou. O olhar que olhar a ele, este rio olhou-me. Descobriu-me melancólico à sua margem. Removeu-se. Q'ria a mim dentro de suas águas. Q'ria levar-me ao mar. Queria que eu estivesse totalmente afogado em suas águas correntes.
Parecia dizer-me: - Vem ter comigo! Conversemos dentro de mim! Eu vos tenho atenção! Por que estás tão longe.
Inquieto, eu respondia: - Vou-me, mas não por hora. Estou surpreso com tua oferta! Mas quem sabe conversamos com mais uma chávena de café...
O seu olhar era de compadecimento. Sentia-me, logo vi, a mesma dor que eu. Apressei-me em por estes poucos pensamentos cravados em papel, eis o acto de escrever: fazer emoções eternas. Mas o rio não respondeu-me. Não dictou-me uma vírgula. Tornou-se um rio triste, um rio de poetas. Um rio que caso embarcasse a nado neste correria o risco de aportar ao Parnasso. Volvi os olhos ao papel e deixei tudo lá descrito, o café em minha chávena já frio foi-me ignorado. Mas ao querer olhá-lo novamente o despertar. Não o vi mais. O Tejo lá está. O Tejo continua aqui. O Tejo está em mim. Mas como queria dizer-lhe que a tristeza passa e a demora é outra... E logo em seu olhar de novo estarei.
Parecia dizer-me: - Vem ter comigo! Conversemos dentro de mim! Eu vos tenho atenção! Por que estás tão longe.
Inquieto, eu respondia: - Vou-me, mas não por hora. Estou surpreso com tua oferta! Mas quem sabe conversamos com mais uma chávena de café...
O seu olhar era de compadecimento. Sentia-me, logo vi, a mesma dor que eu. Apressei-me em por estes poucos pensamentos cravados em papel, eis o acto de escrever: fazer emoções eternas. Mas o rio não respondeu-me. Não dictou-me uma vírgula. Tornou-se um rio triste, um rio de poetas. Um rio que caso embarcasse a nado neste correria o risco de aportar ao Parnasso. Volvi os olhos ao papel e deixei tudo lá descrito, o café em minha chávena já frio foi-me ignorado. Mas ao querer olhá-lo novamente o despertar. Não o vi mais. O Tejo lá está. O Tejo continua aqui. O Tejo está em mim. Mas como queria dizer-lhe que a tristeza passa e a demora é outra... E logo em seu olhar de novo estarei.
Eustáquio Silva (15/03/2016)
Este texto fará parte de uma série das mais imprevisíveis, de textos tirados de sonhos que venha a ter. Se por um acaso destes da vida, eu não mais sonhar, então eu devo dizer-vos que não haverá o sonho II. Mas como penso ser difícil a mim não sonhar algo que seja tornado poesia haverão outras que por cá passearão. Espero que assim seja.
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