Árcade, por isto interessa-me, genuíno cantor de musas ao estilo luso, mas nascido em Brasil. O arcadismo é a época em que Brasil e Portugal deram-se as mãos e - isto antes da Independência - e produziram uma qualidade poética impressionante, com todas as lutas e correcções a serem feitas, são mundos paralelos à espera de outra grande revolução: a do agir pelo pensar, pelo escrever, pelo falar!
Lá vai a Lira I - pequeno trecho - da poesia de Gonzaga, sob pseudónimo de Dirceu e como esta questão é extremamente forte em todos os escritores árcades ou neoclássicos. Aproveitai!
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado:
Os pastores, que habitam este monte,
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja minha,
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Tomás António de Gonzaga
Eustáquio Silva (20/03/2016)
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