I
As Armas e os Barões assinalados
Que da ocidental praia Lusitana
Por mares nunca antes navegados
Passaram ainda além de Trapobana
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana
E entre remota gente edificaram
Novo Reino que tanto sublimaram
II
E também as memórias gloriosas
Daqueles reis que foram dilatando
A fé, o império, e as terras viciosas
Da África e da Ásia andaram devastando
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando
Cantando espalharei por toda a parte
Se a tanto me ajudar o engenho e a arte
III
Cessem do sábio grego e do troiano
As navegações grandes que fizeram
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama de vitórias que tiveram
Que eu canto o peito ilustre lusitano
A quem Neptuno e Marte obedeceram
Cesse tudo que a musa antiga canta
Que outro valor mais alto se alevanta
Luís Vaz de Camões - Lusíadas
Eustáquio Silva (02/04/2016).
Os Lusíadas é um enorme e bem feito poema épico cuja intenção é a de exaltar a história clássica de Portugal desde antes da invasão romana e prolongá-la até os dias de Camões. Com rimas geralmente postas em ABABABCC formam uma ascensão de poética sobre uma enormidade de possibilidades existentes em cabeça de um génio como Luís Vaz de Camões.
ResponderEliminar