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sábado, 9 de abril de 2016

Do outeiro de meu mundo

Do outeiro de meu mundo
Vejo moça lá de baixo
A chorar, dizer - O que faço?
Queria viver, mas não posso...

Logo após uma velha senhora
Com alguma coisa à mão
Aos brados lembrando-me o trato
Diz que viver é cumprir obrigação

Eu e minha figueira, de figos recheada
Éramos como uma calçada
Mais alta a vida lá embaixo

Onde passam pessoas todo o tempo
Onde viver é passatempo
Onde calar-se é ver as nuvens a mexer-se lá no céu

Ah, eu queria só voltar ao outeiro
Lá em serra entre trigais
Para de música de pardais
Poder cantar qualquer coisa bonita

Ouvir a música do tempo
Ouvir a semántica do vento
Tocas as flores tão rebuscadas

Melhores que os versos lá de sempre
Uma dama da noite ali logo perto
Fazia-me por completo
Ver como é bom viver assim

O que eu buscava era só um fim
Para este saudoso poema
E vi que o melhor é voltar cena
Aquela que ainda nem escrevi



Eustáquio Silva (09/04/2016). 

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