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sexta-feira, 8 de abril de 2016

Meu navegar

Meu navegar chega-me perto, ao molhos choro eu
Por uma dor que não inda sinto, por um vulto de tristeza
Todo poeta é como se fosse um sofrido Prometeu
Que ao olhar um rio vê mais que sua longa certeza
De correr e a correr leva consigo o que já foi seu
E agora é coisa de outra sentida dor, que assim seja

Meu navegar é como seco oceano
Vai ao mundo, ruma ao precipício
Lá deita seus desejos, acalma o suplício
E farta-se com o dissabor do plano

Ai! Como eu queria que prometestes
Que a minha maior dor vós diríeis é dia
Acordar-me deste mundo, como sofresse
De uma longa e insepulta letargia
Morro em vida este carma, carma este
Que é meu navegar a melancolia

Meu céu a cinza cor bem remido, oh remido!
É tudo que eu tenho, tudo que possuo
Não culpo a ti pelo que eu destruo
Apenas queria ser de mim esquecido

E só navegar para mesmo longe de mim
Como a esquecer tudo que já viajei
A esta dor que dá-me um suspiro, leva-se assim
Como o tanto que já me desesperei
E queria só que fosse o fim
Aquilo que já senti e que já chorei
Mas não é que navegar é outrossim
Ser o que jamais deixarei de ser e nunca serei



Eustáquio Silva (08/04/2016) 

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