Translate

terça-feira, 1 de março de 2016

A filosofia trágica como estética

Em meu filosofar a filosofia trágica é uma forma de estética, não só por dar-se em âmbito artístico, mas por tomar da estética elementos próprios. Qual seja, toda filosofia que tome para si a tragédia faz-se uma espécie de arte - seja pintura, escultura, literatura - porque precisa adentrar ao artístico para fazer-se viver. 

Há quem minimize o teor filosófico da estética por achá-la indirecta ou mimética da realidade. Pura fantasmagoria. A arte é objeto da filosofia desde o seu começo: tanto a natural quanto a fabricada, que não imita, mas recria. Ao tomar esta proposição cito-me propenso a achar na tragédia, tal também encontra-se na comédia um porto seguro a inquietações e críticas filosóficas. 

Moldem-me o quanto puderem, mas a arte é um fenómeno analisável pela filosofia, pois é-lhe próximo. O cultivo da arte atiça os sentidos da filosofia. A boa arte, a arte reflexiva, a arte pulsante faz-se notoriamente elemento de dúvidas, incógnitas, paragens filosóficas em resumo de ópera. 

Como não perceber em Shakespeare, Van Gogh, Oscar Wilde, Goethe, entre outros, um elemento de busca e queda constante pela filosofia que há em suas linhas? Como não notarmos que há filosofia do objecto mesmo em Alberto Caeiro e Velázquez? E o existencial em Gaudi? Essencialmente a arte transborda em filosofia e a própria filosofia é uma espécie de arte. 

Agora que vós pensais em o que disse e tireis as próprias conclusões. Eu as espero. 


Eustáquio Silva (01/03/2016).

Sem comentários:

Enviar um comentário