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sexta-feira, 4 de março de 2016

Ode ao mar

Navegar é preciso, sempre o será
Fugir do estagnado, viver o que virá
Navegar é pensamento, só navegar
Já é força suficiente, já é motivo de amar

As cousas que são humanas, a alegria
O dia que nasce terno, ah o grande dia
A navegar e a achar portos, faça disto sua mania
E depois içar as áncoras pesadas, eis a liturgia

Quem dera a vida fazer votos
Jamais fechar-lhe os olhos
Do mar tornar-me devoto
E viver com seu rosto como espólio

Um inteiro e vívido testamento
Do que seja este divino momento
Navegar não é só um lamento
Navegar é por si um sentimento

Olhes bem, quantas das minhas falas
São a este grande mar, devotadas
São-lhe como grandes armadas
São-lhe como anciãs dádivas

Que esmeram-se pelas suas ondas
Pela sua espuma de crista branca
Que lhe dizem: ó, o que me mandas?
Ó para que e por que me apanhas

Navegar é ver santuários
Sentir-se um relicário
Sair e ver-se pagode caro
De uma vida entre golpes amaros

Aos remos a contornar
Verdes águas, todo o amor
Ver tudo o que se há
O que importa é navegar



Eustáquio Silva (10/02/2016)

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