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sábado, 19 de março de 2016

Quando uma música torna-se arte e história: Outside the Wall Pink Floyd


À primeira mirada vê-se uma música, boa e bem arranjada, mas apenas uma música em estilo escolhido pelos Pink Floyd ao fim de sua carreira. Mas não é só isto. Esta música tem um conteúdo que extrapola-lhe a forma. O conteúdo é, depois de tantos anos presos em si, e com tantos muros a não deixar-te a ver ninguém, o que fazer? Ver que lá fora tantos faziam e fazem muito por si e que a estadia ao inferno das prisões mentais fizeram-te oco de teu sentidos. 

Os seus clamam: venhas connosco e vamos passear ao ar livre! Uma actitude que você passou anos e anos sem conhecer de verdade. Tudo estava preso às pedras de seu pensamento carregado de ódio e rancor e, finalmente, lá fora via-se um mundo intranquilo e complexo, com cismas e cataclismos de vontades. E tu, ó tu, eras só mais um por lá, não um tijolo, mas um elemento a mais, um ser humano diferente a mais. 

Talvez esteja a exageram em análise, mas esta música entra a meu ver à arte pelo viés de que esta pode abraçar-te e salvar-te e pela história porque parece uma premonição da queda do nefasto muro de Berlim e demais governos autoritários que reinavam sobre a Europa. Finalmente um homem ou uma mulher poderiam andar de mãos dadas com a sua própria consciência sem que os gritos de acção e as palavras de ordem ensinassem-lhe a ser e ao que fazer. 

O mundo era outro e você deveria ser outro. Eis a mensagem do filme e da gigante comoção que provoca-me. 
Espero que entendeis vós a vosso jeito e consigam vislumbrar a verdade contida através do muro, para depois do mundo coberto até o topo por muros, sejam seus ou estejam a te cercar. 



Eustáquio Silva (19/03/2016).

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