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quinta-feira, 17 de março de 2016

Bocage - Soneto à Liberdade

Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Por que (triste de mim)! Por que não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?

Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo, que desmaia
Oh venha! ... Oh! Venha, e trêmulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!

Eia! Acode ao mortal, que frio e mudo
Oculta o pátrio amor, torce a vontade
E em fingir, por temor, empenha estudo

Movam nossos grilhões tua piedade
Nosso númem tu és, e glória, e tudo
Mãe do génio e prazer, ó Liberdade!


Bocage - 1797.

1 comentário:

  1. Vale ressaltar que Bocage morreu antes da invasão napoleônica a Portugal e do período nefasto da revolução francesa.
    Então, nele só viu-se a revolução que inspirou os memoráveis homens do Haiti a usarem contra a sua própria metrópole aquilo que chamaram de essência revolucionária burguesa.
    Bocage era um burguês Português apesar de sua constante perturbação pessoal e comportamental, em especial, em sua estadia, pela marinha portuguesa em Índia - a seguir seu mestre Camões e deste tirar-se o soneto "Camões, Grande Camões, o quão semelhante".

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