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sábado, 12 de março de 2016

Se eu sei se existo?

Gustav Klint
Se eu sei se existo? Valha-me tanto! Isto é saber demais, ter tantas palavras, mas lá vou a tentar ser franco. Ao menos não culpar-me-ão por falta de alguma coisa. 

Desço ao mundo - com as palavras - quando escrevo. 
Para que quero mais? 
Sou Tudo 
Sou Nada 
Sou em tantos que vejo
Morto em tantos olhos
Visto tantos tecidos 
Sinto tantos sabores 
Afinal, sou poeta (mesmo que só de agora) 
E lá vou eu 
Um passo à vida 
Afinal, não sou poeta (poetar não é ser vivo, e sim viver) 
A vida é um passo 
Queres conhecer-me? Conhece-te! Não se sabe nada de fora para dentro... 
Se queres conhecer-te? Cá estou, visto que eu sou e seria seu mundo descoberto. Somos fenómenos. 
Eu oiço teu fôlego
E ele é tão inconstante 
Desculpe-me se eu estou preso ao mundo que vives
A culpa é sua, quem mandou ser-me conhecido?
Mas ao menos em se ser poeta e não-poeta há uma vantagem 
Tu seres a si e eu ser a mim faz um sermos a nós bem prendado 
E que palavras e siléncios guiem-nos
Até mais! 


Eustáquio Silva (12/03/2016)

2 comentários:

  1. Este texto é o segundo da série que foi feito justamente em dia que passei em centro de compras, com gente a conflitar vozes e falas, com máquinas a fazer barulho e com tuk tuk ao lado de fora. Nada disto calou-me a expressão. Insisti e o resultado foi o poema filosófico publicado ontem e agora este. Ainda há outro texto que pode vir a qualquer momento.
    Já Zeca do Heroísmo foi resultado, consequência deste mundo de coisas. Mas não ainda, ao que se pode chamar alguém que esteve ao Shopping Center, já que contenta-se com o papagaio a sol de fim de tarde em sua vida.

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  2. Em tempo devo a escrita mais solta ao mestre Vergílio Ferreira. Este fala de coisas sérias com pena leve. Típico à época pode sê-lo, mas seu talento transborda a isto.

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